O Caderno Emília 5 fecha 2020, ano atípico e desafiador, que nos convoca a enfrentar as incertezas e a olhar sem filtro uma realidade que pôs por terra crenças e convicções.
As palavras do editorial de abril continuam válidas: “Nunca, como nestes tempos difíceis e para muitos inimagináveis, a reflexão crítica foi tão necessária. Por um lado, para manter a lucidez; por outro, para responder à perplexidade crescente diante da negação sistemática da realidade e da vida humana, em nome da manutenção de uma ‘normalidade econômica’. Normalidade que foi pelo ralo e que, sem mexer na sua estrutura, voltará acirrando desigualdades e radicalizando obscurantismos. Assustador e desafiador para todas e todos aqueles que, saindo dos seus lugares de conforto, se arriscarem a olhar em frente”.
Este Caderno expressa, involuntariamente, estes tempos de pandemia e isolamento, em que tudo assumiu cores sem nuances, sem meios tons. A densidade e a profundidade de alguns temas são reflexo dessa realidade, que põe a nu todas as suas feridas — pela voz dos movimentos sociais, pela denúncia do racismo estrutural, da desigualdade e da ignorância que se abateu sobre nós.
Selando nossa parceria, o Coletivo Encrespad@s traz uma entrevista (Território como possibilidade de liberdade no mundo) com Fernanda Miranda, estudiosa da obra literária de Carolina de Jesus. Temas como literatura negra, a voz feminina na literatura, a discussão do cânone, e a importância de Carolina de Jesus estão presentes nessa conversa rica que amplia o horizonte tradicional da literatura brasileira.
Os homenageados desta edição são o escritor Rogério Pereira, com um conto inédito, O porco — no qual expõe sua literatura crua e cortante, uma lâmina afiada que rasga qualquer sonho na vida dura de seus personagens —, e Elisa Carareto, jovem ilustradora que ganhou destaque por seus últimos trabalhos, e que mostra uma obra em que versatilidade, força e poesia estão presentes.
Para homenagear o centenário de nascimento de Gianni Rodari, publicamos um texto de Beatriz Helena Robledo, uma das grandes estudiosas do autor na América Latina. Temos ainda a contribuição valiosa de Cecilia Bajour, Sara Bertrand, Amanda Leal de Oliveira, Maria Carolina Fenati e Anita Prades.
Cuidem-se. Fiquem bem. Fiquem em casa.