“A princesa vivia numa lagoa fazia muitos séculos.
A água, como uma caverna, apenas a deixava olhar a superfície,
exceto em alguns dias de ventania, quando as folhas
das árvores , pretas, marrons e cinzas, deixavam passar a luz.
Eram dias felizes e ela brincava de aparecer e desaparecer.”
A memória do bosque é um livro de Sara Bertrand com ilustrações de Elizabeth Builes. Este livro ilustrado conta duas histórias. Uma, a de uma menina e sua mãe – uma conversa, uma mudança, uma chegada, entrando no bosque, reconhecendo o lugar onde vão ficar. E a outra história que a mãe conta para a filha: uma princesa que viu sua aldeia se incendiar, uma princesa que conheceu de perto o fogo e a violência, princesa que se esconde, vira novelo, que é descoberta por um gato que a faz lembrar, pergunta, questiona.
É uma história permeada pelos diálogos entre mãe e filha em torno da história que é narrada, e assim se dá uma reflexão em torno do que é narrado. Com uma intenção poética marcada tanto pela palavra quanto pela imagem, A memória do bosque é uma história sobre memória, violência, morte, solidão, horror. Fala também da busca de um lugar onde se possa crescer, se encontrar com o outro, de encontrar um lar onde se possa retomar o fio de uma vida que permanece suspensa.
As ilustrações de Elizabeth Builes, com suas linhas gestuais, seu impecável domínio de uma paleta de tons suaves, sua habilidade na reprodução da natureza e na criação de cenas íntimas, dão vida a uma história que vai além do que é narrado.
SARA BERTRAND nasceu em Santiago do Chile. Estudou História e Jornalismo na Universidade Católica do Chile onde ministrou o curso de Apreciação Estética de Livros Juvenis para o Diploma da Faculdade de Filosofia e Humanidades, é palestrante do Laboratório Emilia e colunista da Revista Emilia (Brasil ) e UNAM (México). Em 2017, venceu o New Horizons Bologna Ragazzi com A mulher da Guarda, publicado no Brasil pelo Selo Emília & Editora Solisluna, que recebeu o selo de distinção da Cátedra UNESCO 2019 no Brasil; Ela foi incluída no The White Ravens com No se lo coma e ganhou a medalha IBBY Chile Hummingbird 2019 com o Manifesto literal, mulheres impressas. Além disso, seu último romance, foi publicado pela Emecé e Patos e lobos-marinhos, fala sobre literatura e juventude, é seu mais recente livro de ensaios editado pelo Selo Emília & Editora Solisluna no Brasil, 2021.
ELIZABETH BUILES nasceu em Medellín. Estudou artes plásticas na Universidade Nacional e trabalhou como ilustradora científica no Herbário da Universidade de Antioquia. Atualmente dedica-se à ilustração editorial e à botânica e a relação entre a natureza e o interior vive latente no seu trabalho. Sua personalidade curiosa e investigativa a acompanha quando ela pensa em si mesma como uma contadora de histórias visual. Publicou livros em editoras como Tragaluz, SM, Alfaguara, Kalandraka, Random House e Ediciones El Naranjo.
