Os Cadernos Emília chegam ao seu nº 9 com uma proposta, no mínimo, ousada, mas em total sintonia com a sua atuação desde a origem: a construção de parcerias e de redes cada vez mais estreitas, abrangentes e fraternas.
Foi assim que editamos este número com o Coletivo La Lucila, incorporando e abrindo espaço para novas vozes do mundo acadêmico latino-americano. Daí a experiência de publicar os textos em sua versão original, intercalando espanhol e português, como uma forma de ampliar e vivenciar, por intermédio da língua, uma proximidade maior entre os diversos países representados. Apostamos que a exigência de leitura que isto pode representar para nossas leitoras e leitores será compensada pela diversidade de “sotaques” que cada texto traz e pela possibilidade de integrar com mais presença esta rede.
Não é possível falar dos Cadernos Emília sem destacar o projeto gráfico incrível assinado por Mayumi Okuyama — responsável por toda a identidade visual do Instituto Emília. Neste caso, em parceria com as ilustrações arrebatadoras de Isidro Esquivel, jovem ilustrador mexicano, apresentado aqui por Paulina Delgado, e homenageado nesta edição.
A entrevista de abertura, realizada pelo Coletivo La Lucila, é um convite para conhecer o mundo da poesia para as infâncias na Colômbia, na pessoa de Jairo Guzman e seu Projeto Gulliver. Uma conversa certamente inspiradora para a promoção da poesia entre nossos pequenos e jovens leitores e leitoras.
A escritora homenageada desta edição é Daniela Catrileo, uma descoberta, em primeira mão publicada neste número. Narradora, poeta, professora e pesquisadora chilena, estudiosa das vivências mapuches, em particular das mulheres indígenas. O conto que publicamos se intitula “Han visto como brota la maleza de la tierra seca?”e quem a apresenta para nosso público é Camila Andonaegui.
Artigos de Angela Patricia Melo Arévalo, Jéssica Tolentino, Loreto Espallargas Carvajal, Dianne Melo e Sara Bertrand (que, para manter a tradição, teve seu texto traduzido) contribuem para uma reflexão indispensável sobre práticas de leitura literária na América Latina e nas margens e sobre teatro para as infâncias e outros temas que vão acender polêmicas e discussões.
Esperamos que este material contribua para estimular e avançar na discussão sobre o papel da leitura no processo de humanização, pois é disso que se trata e que faz algum sentido. Impossível fechar os olhos e desconectar estas reflexões dos dilemas e profundos desafios que a contemporaneidade está impondo a milhares de crianças mundo afora. Infâncias roubadas, castradas, quando não ceifadas. Não esquecer de que somos responsáveis e de como a leitura pode minimamente contribuir para um futuro mais humano e aliviar a existência, colocando a possibilidade de sonhar com mundos melhores, é o nosso recado para fechar este difícil ano de 2023.
Encerramos o ano com este presente para todas as leitoras e leitores que nos acompanham. Se é a primeira vez que você acessa os Cadernos Emília, aqui vai um convite para conhecer os números anteriores. Um material indispensável para pensar a leitura e a formação de leitores. Esperamos que gostem!