BCBF24 | Conversas de Bolonha: Bruno de Almeida

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O ilustrador da identidade visual da próxima edição da Feira do Livro Infantil de Bolonha é o brasileiro Bruno de Almeida. O projeto será desenvolvido a partir de uma imersão que fará em julho deste ano junto ao Chialab Design Studio.

Vivendo em Portugal desde 2021, Bruno atua como pesquisador independente e artista multidisciplinar. Formado em Design de Moda pela Universidade de Franca, faz mestrado em Design de Produto pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Por meio de práticas artísticas, investiga as características do território, identidade, teorias da imaginação e estudos sobre a infância. Desenvolve sua prática artística através de uma abordagem dialógica que entrelaça memória, arte e design. Participou de diversas exposições nacionais e internacionais.

Instalação feita para projeto “Híbridos 2024”, no Porto, que segundo Bruno, apresenta algumas ideias do que poderá aparecer na identidade da próxima BCBF.

Durante a Feira de 2025, que acontecerá entre os dias 31 de março e 3 de abril, Bruno vai partilhar com o público, em um masterclass, esse processo de desenvolvimento, os aprendizados e as reflexões sobre o projeto.

Conversamos com Bruno por e-mail sobre suas expectativas para esse novo desafio.

Priscilla Brossi – Como recebeu o convite para ilustrar a identidade visual da Feira?

Bruno de Almeida – Desde 2017, entre os selecionados para exposição, um ilustrador é escolhido para desenhar a próxima identidade visual da Feira, o que é uma oportunidade interessante para experimentar o desenho em diferentes mídias – é como se o desenho saísse do livro e fosse pro mundo. Há alguns meses recebi um e-mail da equipe da Feira solicitando uma chamada por Zoom, fiquei um pouco assustado, pois não imaginei o que era. Ao longo da conversa, deram a notícia que havia sido selecionado para esse projeto, por ter um trabalho coerente com a visão que querem trazer à Feira no próximo ano.

Ter a oportunidade de trabalhar junto a equipe da Feira será uma experiência única e de muito aprendizado, pois acredito na transformação do artista a partir dessas vivências íntimas que se constroem nas relações.

PB – Qual sua expectativa para esse processo de construção da identidade visual?

BA – Acredito que vá ser um trabalho provocador, pois estará presente em toda imagem de divulgação da Feira para expositores, público visitante, imprensa, etc. Tenho muito cuidado no que diz respeito às políticas da imagem e entendo esse espaço como um objeto de construção do que acredito, como povoar um imaginário de futuros inclusivos, diversos e equitativos, por exemplo. Todo trabalho que me proponho a fazer questiono: como posso me conectar com a criança? E desde então, elas têm pagado meu salário… são bons clientes.

PB – Que elementos podemos esperar de seu trabalho como ilustrador na próxima identidade da feira?

BA – Tenho trabalhado sobre formas híbridas que discutem a descolonização do corpo na literatura infantil, um modo de operar que está conectado com uma sofisticação plástica que nasce junto a criança, sem as convenções e racionalismos que vamos incutindo e criando individualizações entre os grupos. Elementos que possam gerar dúvidas, abrir espaço para perguntas provocatórias e inclusivas farão parte de uma poética que tenho vindo a trabalhar.

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  • Priscilla Brossi Gutierre

    Jornalista com experiência em gestão de projetos de comunicação. Especializada no desenvolvimento de estratégias de conteúdo editorial, incluindo planejamento, edição, curadoria e redação, para diferentes formatos e mídias. No Instituto Emília, atua no plano de relacionamento com a imprensa e edita a newsletter mensal. 


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