Apesar do direito à moradia ser fundamental a vida e aplicável em todas as partes do mundo desde 1948, a rua é, de forma temporária ou permanente, a morada para milhares de homens, mulheres e crianças.1
Em todo o país, 206 mil pessoas estão em situação de rua. Esse número aumentou seis vezes após a pandemia. E não é difícil perceber esse acréscimo, só no estado de São Paulo estão 86.782 mil pessoas, ou seja, quase metade da população em situação de rua do Brasil vive na cidades paulistas.
Pensar numa solução para isso não é fácil. Onde abrigar tanta gente? Como recuperar a vida e a dignidade dessas pessoas? Como dar a elas acesso a coisas básicas que todos necessitam? São muitas perguntas e poucas respostas. A única certeza é que as pessoas em situação de rua tem sentimentos e necessidades, como qualquer um de nós. E carregam a sua história.
Por mais que se naturalize e se queira invisibilizar, fechando os olhos, a sua presença, isto só denota a profunda desumanização a que chegamos. Fazer de conta que não vemos, que podemos continuar vivendo e que não temos nada que ver com esta profunda desigualdade é um sinal da barbárie contemporânea.
Aporofobia um livro de Carlos Lollo, Blandina Franco e Padre Júlio Lancelotti, publicado pela Companhia das Letrinhas, trata desse assunto tão delicado: o medo ou aversão aos pobres.
Uma narrativa profunda em significado, a história mostra o que famílias em situação de rua passam diariamente e deixa claro o peso do julgamento da sociedade pela simples existência dessas pessoas.
Uma leitura importantíssima, necessária e obrigatória para as crianças, mas não só. Tema urgente para refletir e sensibilizar os leitores para esta realidade tão dura e chocante que atinge a todos nós.
“Ao mesmo tempo simples e complexa, esta história nos força a entender o cotidiano de pessoas que vivem em situação de rua, que são agredidas a todo momento pela percepção que desumaniza e destrói os pobres, os fracos e os pequenos.” – Padre Julio Lancelotti.
Nota:
- Esta resenha não foi publicada pela mídia a que foi destinada por motivos ignorados. Ao contrário de apagar tal tema, reconhecemos a relevância e a necessidade de amplificar a discussão acerca das pessoas em situação de rua. ↩︎