Galeria Emília
Ampliar referências, educar o olhar, são vias imprescindíveis para formar bons críticos com sensibilidade estética para escolher e se situar no tão diverso mercado do livro ilustrado. Mas, não apenas, a educação do olhar permeia todos os sentidos e permite apurar as nossas escolhas, aprimorar o nosso gosto.
O cuidado e apuro estéticos não são novidades na Emília, reconhecida também por isso. Os Cadernos foram a primeira vitrine que possibilitou mostrar os trabalhos incríveis de ilustradores como Mariana Zanetti, Anna Cunha, Veridiana Scarpelli, Roger Ycaza, María Luque, Elisa Carareto, Bárbara Quintino, Luci Sacoleira, Angelo Abu, Isidro Esquivel. Muitos deles presentes em peças de divulgação e detalhes nas diferentes seções do Site.
Este espaço se abre para receber artistas que passam a ilustrar nossas principais seções assim como os ilustradores de cada novo Caderno. O propósito é apresentar, ao nosso publico leitor, alguns nomes cujos trabalhos consideramos importantes de serem conhecidos.
Abrimos 2024 com o trabalho do grande artista Sergio Fingermann, apresentado aqui por Cícero Oliveira.
Aproveitamos para agradecer a colaboração e confiança destes grandes artistas que tanto contribuíram para nossa trajetória de qualidade e beleza.
Os editores
A busca por beleza e harmonia, por Cícero Oliveira
Trabalhar ao lado de Sergio Fingermann por quase 15 anos foi um privilégio, uma jornada repleta de aprendizado, poesia e inspiração. Admiro-o profundamente, e sua contribuição para a arte contemporânea brasileira coloca-o como um dos grandes nomes das artes plásticas no Brasil atual.
Conhecido por sua abordagem experimental e minimalista, Sergio nasceu em São Paulo, em 1953, tendo desenvolvido sua pesquisa artística ao longo dos anos, incorporando novos processos em suas obras, que interagem com o espaço e a luz, criando uma atmosfera poética e elegante.
Fingermann começa sua carreira artística nos anos 1970, ainda muito jovem, aos 17 anos. Desde cedo, ele participa de inúmeras exposições e feiras de arte (nacionais e internacionais), dentre as quais a Bienal de São Paulo, a Bienal de Veneza, a Arco (várias edições) e a São Paulo Arte. Suas obras passam a fazer parte de coleções prestigiosas no mundo inteiro, incluindo o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Artista versátil, sua produção abrange vários meios, incluindo a pintura, o desenho e a gravura. Sua abordagem artística baseia-se na busca pela beleza e harmonia, valores que ele traduz em suas telas.
Arquiteto de formação, Sergio costuma incorporar elementos de geometria e proporção em seus quadros, além de ser fortemente influenciado por elementos do cotidiano (cadeiras, formas, escadas, objetos de seu atelier, elementos natureza), os quais aparecem frequentemente em seu trabalho, funcionando como fontes de reflexão para o seu olhar.
Suas obras criam uma ligação poética com o espectador, transportando-o para outra temporalidade – a da contemplação e do silêncio. Segundo a pesquisadora Sylvia Ribeiro Fernandes, a obra de Fingermann pode ser entendida como uma “reflexão sobre a relação entre forma, espaço e luz, explorando a natureza da forma e do espaço e como eles se relacionam”, sendo marcada pela simplicidade e elegância como valores estéticos, o que convoca o espectador a refletir sobre sua relação com o mundo ao seu redor.
Ao longo de sua carreira, ele tem recebido vários prêmios e reconhecimento por sua trajetória, sendo considerado um dos artistas mais importantes da sua geração e recebido inúmeros prêmios nacionais e internacionais.
A contribuição de Sergio Fingermann para a arte contemporânea brasileira é considerável, o que o coloca como um dos grandes nomes da arte abstrata no Brasil. Seus trabalhos são um convite à reflexão e à contemplação, e sua habilidade em equilibrar forma, espaço e luz é uma verdadeira obra-prima.
